30 de outubro de 2009

cena

do filme - "a mulher do fotógrafo"


- take: #poses. preto no branco.


- com um sorriso [plástico] nos lábios, posando para a lente, ela confessa-lhe:
comprei uma casa sem espaço para a tua câmara escura. e teus flash's. Podes ficar com o cão.


Calçou os sapatos de salto alto. vermelhos. e saiu voando.


- música de fundo:



23 de outubro de 2009

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1 intervalo
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20 de outubro de 2009

In Memoriam



Deixo flores.



e___________

restar-nos-á para sempre a interrogação:

_______a vida será de morte ou a morte de vida?

Libertamo-nos para a vida ou para a morte?

Em memória do meu amigo Paulo M., que quis voar sempre rente ao sol.

16 de outubro de 2009

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Car l'Homme a fini! l'Homme a joué tous les rôles!

Au grand jour, fatigué de briser des idoles

Il ressuscitera, libre de tous ses Dieux.
RIMBAUD - Soleil et Chair


Deucalião renasce de sob uma terra em destroços; mas as pedras que reencontra, com os ténues veios da nova fertilidade, não recobram, ao calor das mãos, os ossos e a carne de novos homens e são pedras ainda __ até quando?
Sou eu só, diante de mim e da noite, irredutível e inútil na minha lucidez.
Vergílio Ferreira in Invocação ao meu corpo
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13 de outubro de 2009

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_____Não se aprende grande coisa com a idade.
Talvez a ser mais simples,
a escrever com menos adjectivos.
Demoro-me a escutar um rumor.
Pode ser o prelúdio tímido ainda
do cantar de um pássaro, uma gota
de água na torneira mal fechada,
a anunciação do tão amado
aroma dos primeiros lilazes.
Seja o que for, é o que me retém
aqui, me sustenta, impede de ser
uma qualquer vibração da cal,
simples acorde solar, um

de luz negra prestes
a explodir.

Eugénio de Andrade

10 de outubro de 2009

a última flor do verão



Para ti
...para juntares à bagagem...

com um enorme beijo e um abraço muito forte.
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7 de outubro de 2009

em sequência.



M
I
N
I
M
A
L





r
e

p
e
t
i
t
i
v
o



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um café
e um
inspiro no respiro quente da terra molhada. . coisas simples de hoje. de sempre. memórias antigas dos sentidos.



_________dou-lhe o tom.
a forma o olhar a alma

_________a chuva cai e aquieta
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2 de outubro de 2009

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Não saberei nunca dizer adeus

Afinal, só os mortos sabem morrer

Resta ainda tudo, só nós não podemos ser

Talvez o amor, neste tempo, seja ainda cedo


Não é este sossego que eu queria,
este exílio de tudo, esta solidão de todos


Agora não resta de mim o que seja meu
e quando tento o magro invento de um sonho
todo o inferno me vem à boca


Nenhuma palavra alcança o mundo, eu sei

Ainda assim, escrevo.

Mia Couto