7 de junho de 2009

ASPIRAÇÃO

...

Quero apossar-me do é da coisa.

Quero possuir os átomos do tempo.

Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero uma verdade inventada.


Mas bem sei o que quero aqui: quero o inconcluso. Quero a profunda desordem que no entanto dá a pressentir uma ordem subjacente.

Um dia eu disse infantilmente: eu posso tudo. Era a antevisão de poder um dia me largar e cair num abandono de qualquer lei. Elástica.

CLARICE LISPECTOR