28 de setembro de 2009


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pontes sim. os afecto são feitos de pontes

numa tecelagem fina

ou na explosão de um olhar

L
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afinal fico
a construir pontes.




...também a mim enganei
desculpem.

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23 de setembro de 2009

POST SCRIPTUM




Não é um recado de ideias que te transmito e sim uma instintiva volúpia daquilo que está escondido na natureza e que adivinho. E esta é uma festa de palavras. Escrevo em signos que são mais um gesto que voz.
Clarice Lispector
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"«Há no entendimento um ponto cego» (Bataille). Há uma verdade além da verdade, há uma beleza além da beleza, há um mundo além do mundo e só aí ele existe, como o belo e o verdadeiro. Espírito informe de uma fugitiva presença, luz incerta que se acende por dentro do que é iluminado, invisível realidade visível, é quando vem a ti o raro privilégio de assistires ao encontro desse espírito e do que o manifesta, é quando o visível e o verificável se encontram com o que se furta à nossa verificação e visibilidade, é então que a verdade se incendeia de fulgor, o belo de beleza. Mas desfeito o encontro, o que nos fica é a tela e as tintas, mesmo as linhas e as cores, mesmo o acerto irrecusável do que as harmonizou. O que nos fica é a harmonia e não a música dela, o que fica é o rigor mas não a sua indemonstrabilidade. O que fica é o real e toda a sua exactidão, mas não o irreal desse real que é o único real, por já não ter para lá. O que fica dessa porta de acesso não é uma porta fechada mas uma porta aberta, como a de uma parede que se ergue de uma casa que se desmoronou, não dá acesso a nada. Para este desencontro ou para quando o encontro já não pode realizar-se, nós dizemos de um quadro ou de uma verdade que se nos gastaram. Mas nenhum deles se nos gastou, porque estão intactos para sempre.
...
Que se alterou no quadro inalterável? O que se gastou foi o impulso que nos ergueu. Ao ponto a que subimos já não subimos e era onde subimos que a beleza morava e a evidência. Do real ao irreal, que era o seu exacto real, a distância é agora intransponível. E no entanto porquê? Quantas vezes vos interrogo imagens perdidas da minha plenitude. Quantas vezes em gritos dolorosos que não solto, porque eles são maiores que isso, ou numa comoção velada de piedade, ou simplesmente com um olhar estranho e parado por sobre todas as comoções e gritos. Quantas vezes me pergunto como foi possível? Então entristeço-me, mas a minha tristeza é árida, sem o reflexo de uma pena sobre mim. E muitas vezes assim a não reconheço como triste. Há a tristeza desesperada, a melancólica a indiferente ou incaracterística; e há enfim a que se define pela serenidade."

in Invocação ao meu corpo de Vergílio Ferreira
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Chegado o tempo dos frutos maduros
recolho-me ao silêncio
da fermentação das folhas.
_____não mais que silêncio da boca seja a palavra do gesto. amoroso.



A todos os que me acompanharam neste olhar, pelo vosso afecto e amizade Beijo-vos grata. Gratíssima.

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1 de setembro de 2009

O novo paradígma


«Para os observadores verdadeiramente atentos, os problemas que se põem à inteligência contemporânea já não são problemas de progresso. Há alguns anos que a noção de progresso deixou de existir. São problemas de mudança de estado, problemas de transmutação.»


in O Despertar dos Mágicos, pág.20
de Louis Pauwels e Jacques Bergier