31 de janeiro de 2010

|


_________demasiada luz ou demasiada sombra são como nevoeiros. não nos deixam ver para lá do branco ou do preto________.




















Hoje é domingo... . O céu tem o azul que só o céu tem, não o de uma superfície mas o de uma distância. Tudo podia ser um sonho, tudo podia ser outra coisa, uma ilusão fugaz e passageira. São vários os estratos da realidade e por vezes confundem-se, confundindo-nos.

... Hoje é domingo. Podíamos fazer alguma coisa, mas o melhor talvez seja não fazermos nada e ficarmos estendidos na cama. Deus, deixa-nos sossegar.

... É como se o mundo se refizesse, porventura
renascesse, uma última vez. Temos faltas, feridas,
sofrimentos que precisam de ser abençoados por nós, por
outros ou por um deus. Chega-nos um imperativo desejo de
nos tornarmos mais dignos. O mundo fica um pouco
melhor, quando nos tornamos melhores.
  

Pedro Paixão in a cidade depois


____________________________________


23 de janeiro de 2010

Ocaso_______.


"À hora do ocaso assaltam-nos as memórias do dia, incertos olhamos a ameaça da noite. É a hora da "meditação", do regresso a nós próprios, porque estamos agora nós próprios naquilo que meditamos. O gesto que se cumpre arremessa-nos de nós ou leva-nos com ele tão totalmente, que nada fica para o pensarmos, o discutirmos. É o gesto da "inautenticidade" ou do tempo em que éramos por inteiro. Mas justamente é sobretudo hoje que se poder ser inautêntico, ou seja, dividido, porque é sobretudo hoje o tempo da divisão. Só poderíamos ser unos, se houvesse o que nos unificasse. Mas às formas mais imperiosas da evidência nós submetemo-las hoje à pergunta que separa, à dúvida que destotaliza. E esse é, aliás, o sinal da sua morte. Porque a vida primacialmente "é", e a morte é o que se analisa."

Vergílio Ferreira, in Invocação ao meu corpo - XVII, Na hora técnica


6 de janeiro de 2010

.




o "rio" da minha aldeia
já só é exuberante com as chuvas do inverno
de resto é uma ténue linha de vida presa por um fio.

Reza a História que alimentou muitos campos para muitas bocas da cidade grande. Que foi aldeia de cantares das mulheres da roupa branca.
Que deu de beber aos animais e aos homens que aqui passavam, outros que daqui saiam, para irem construir o "memorial do Convento".
E muitas histórias mais que fazem a história deste lugar da "zona saloia" de Lisboa.
Agora, nos campos que a alimentaram nascem vivendas de luxo, ao ritmo com que as águas das chuvas descem o Cabeço de Montachique num inverno tão chuvoso como este.

estamos demasiado ocupados para escutar
somos demasiado barulhentos para ouvir o que quer que seja,
senão a nossa insensatez.
Pedro Paixão
.

_____________________________
Agradeço os votos de bom ano que aqui tiveram a gentileza de me deixar.
Para todas vós um grande beijo__________de gratidão
.