30 de novembro de 2009
Cepti-cidade
.ante câmara.
à espera de uma texto estava outro texto. nas possibilidades abstractas da premonição dos encontros.
há números vivos e a matemática da alma anda por todo o lado.
de qualquer modo o resultado das somas normalmente é imperceptível aos olhos alheios da equação.
O sentido das coisas têm um só sentido para quem sente e o corpo é inquilino apenas. muitas vezes estrangeiro._____ a racionalidade é abstracta e incerta. enquanto conceito em linha recta. enquanto a exclusão dos números vivos.
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há números vivos e a matemática da alma anda por todo o lado.
de qualquer modo o resultado das somas normalmente é imperceptível aos olhos alheios da equação.
O sentido das coisas têm um só sentido para quem sente e o corpo é inquilino apenas. muitas vezes estrangeiro._____ a racionalidade é abstracta e incerta. enquanto conceito em linha recta. enquanto a exclusão dos números vivos.
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Fumar um cigarro entre duas dificuldades como se fossem dedos
Fernando Lemos in Teclado Universal
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Gostei. Ontem Fernando Lemos no Câmara Clara
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25 de novembro de 2009
do Amor______
19 de novembro de 2009
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A jovem camponesa que faz versos.
Não os passa ao papel porque não sabe escrever,
mas diz que os preserva em cada árvore que vê,
e na chuva que cai,
e no sol que se põe.
Uma pequena erva pode ser um poema,
ou a água que corre no leito de um ribeiro
onde uma luz se esconde ou uma sombra vibra.
Como cuidar da imperfeição
senão sofrendo pelo que é perfeito?
Às vezes – diz ela -, passa-me pela cabeça
uma onda de música que não tem lugar
e eu sei pertencer a um mistério sem nome
que dói no coração muito devagar.
Amadeu Baptista in O bosque cintilante
Não os passa ao papel porque não sabe escrever,
mas diz que os preserva em cada árvore que vê,
e na chuva que cai,
e no sol que se põe.
Uma pequena erva pode ser um poema,
ou a água que corre no leito de um ribeiro
onde uma luz se esconde ou uma sombra vibra.
Como cuidar da imperfeição
senão sofrendo pelo que é perfeito?
Às vezes – diz ela -, passa-me pela cabeça
uma onda de música que não tem lugar
e eu sei pertencer a um mistério sem nome
que dói no coração muito devagar.
Amadeu Baptista in O bosque cintilante
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16 de novembro de 2009
uma facada nas costas...

O ti Augusto é um homem bom. Tudo está sempre bem com ele. É generoso, afectuoso, bonacheirão, calmo, gosta de pessoas e de animais, da natureza, de brincos de princesa e de ver o "gordo" na televisão. Homem de 84 anos há três foi operado ao coração, depois de um enfarte. Nunca deixou de vir um só dia ver a quinta. Entristecia-o vê-la abandonada, ou quase, mas um ano depois já tudo estava como dantes.
A D. Maria é muito rezingona com ele, de fazer perder a paciência a um santo. Tudo o que o ti Augusto faça está mal feito e o que não faça também. Por isso ele gosta mais de vir sozinho, sem a "velha a atazanar-me o juízo" como costuma dizer. Mas, há um "ponto" que o tira do sério: as ferramentas nunca estarem no lugar onde as guarda.
A faca! A faca nunca está no seu lugar. A D. Maria serve-se dela mas deixa-a em qualquer lado esquecendo-se onde, e o ti Augusto vê-se sempre "grego" para a encontrar.
Um dia destes o ti Augusto "passou-se dos carretos". Queria cortar umas couves para as galinhas e não achava a bendita faca. Depois de andar mais de uma hora à procura dela por tudo quanto é sítio, diz-lhe a mulher da cozinha que dá serventia ao quintal: Ó gusto a faca está aquiiii, enquanto se abeirava da abertura da sebe que dá para a horta, brandindo a faca no ar.
O ti Augusto, estica-se todo agarrado a uma couve para não se desequilibrar, pega na faca e num gesto desesperado, espeta-lhe a faca nas costas...
- Agora ficas aqui!
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13 de novembro de 2009
...e o peso deste verde que me oprime!________
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Meu corpo, meu corpo.

Companheiro de longos anos, não foi fácil acomodar-mo-nos um ao outro. Porque eu queria tudo o que era da vida, na plenitude do meu ser, a alegria até à exaustão, o prazer até onde o houvesse, e a resistência até onde os outros resistiam. Mas tu tinhas um regulamento especial só para mim, com direitos limitados e uma infindável lista de deveres que eu não sabia senão quando já tinha prevaricado e me aplicavas o castigo irremediável e me obrigavas a pagar com juros dobrados...Assim aprendi duramente a lição do desprendimento, da separação, fechado comigo, na intimidade resignada e severa, se pudesse ser, envelhecendo antes da hora, preparado talvez a tempo para quando a hora chegasse, tratando a vida com delicadeza das mãos que seguram e não prendem para que não houvesse roubo quando ma roubassem, amando intensamente sem amar, para que a crueldade não fosse demais, (...)
Vergílio Ferreira in Invocação ao meu corpo
__________um Dia havemos nascer sem corpo.
A tragédia principal da minha vida é, como todas as
tragédias, uma ironia do Destino. Repugno a vida real como
uma condenação; repugno o sonho como uma libertação ignóbil.
Mas vivo o mais sórdido e o mais quotidiano da vida
real; e vivo o mais intenso e o mais constante do sonho. Sou
como um escravo que se embebeda à sesta — duas misérias
em um corpo só.
Fernando Pessoa in Livro do desassossego
uma condenação; repugno o sonho como uma libertação ignóbil.
Mas vivo o mais sórdido e o mais quotidiano da vida
real; e vivo o mais intenso e o mais constante do sonho. Sou
como um escravo que se embebeda à sesta — duas misérias
em um corpo só.
Fernando Pessoa in Livro do desassossego
6 de novembro de 2009
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um dia a vida entra por um fio. e tudo o que era legítimo passa a síntese. in.concreta
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e no espaço íngreme onde nos prendemos resta o sorriso que fecha a matéria e abre o lírico. um dia a vida é um luxo.
Isabel Mendes Ferreira in Piano
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e no espaço íngreme onde nos prendemos resta o sorriso que fecha a matéria e abre o lírico. um dia a vida é um luxo.
Isabel Mendes Ferreira in Piano
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Eu queria, sem usar de nenhum esforço, não ser mais que o receptor da vaga do infinito, e avançar nos caminhos do acaso, apenas levada pelo sopro das vozes interiores.Eu queria esquecer o que sei e penso, não mais pedir nada, deixar de querer, e acolher com um sorriso as rosas que a tua mão fez cair no meu regaço.
Ó perfume das coisas que não alcançamos,
Doçura das felicidades imerecidas,
Beleza das verdades que o nosso pensamento não criou...
Doçura das felicidades imerecidas,
Beleza das verdades que o nosso pensamento não criou...
Marguerite Yourcenar in O TEMPO esse grande escultor
do capítulo "Em memória de Diotima: Jeanne de Vietinghoff", palavras de J.V.
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3 de novembro de 2009
P&B. Sucatas
das faces ocultas.
Se a má semente fosse esta a derradeira,
poria uma arma na mão uma granada um canhão.
mas não é não!
Povo povo, tens de a matar!______não com a mão.
____até quando?
.
Portanto ...quero ir p'ra Marte!
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poria uma arma na mão uma granada um canhão.
mas não é não!
Povo povo, tens de a matar!______não com a mão.
____até quando?
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Portanto ...quero ir p'ra Marte!
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1 de novembro de 2009
Génesis
Não há verdade:O mundo não a esconde.
Tudo se vê: só se não sabe aonde.
Mortais ou imortais, todos mentiram.
Jorge de Sena
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por debaixo do texto existe a espessura da espera_____
pulsão do silêncio. absoluto. _______a indizível tessitura de tudo
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pulsão do silêncio. absoluto. _______a indizível tessitura de tudo
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